Orlando

9 – 10 junho 2022

Sinopse

Atrevemo-nos a dizer que são os processos de travessia que melhor nos permitem compreender a transição política global que enfrentamos. A mudança de sexo e a migração são as duas práticas de travessia que, ao porem em xeque a arquitetura política e legal do colonialismo patriarcal, da diferença-sexual e do Estado-nação, situam um corpo humano vivo nos limites da cidadania e até do que entendemos por humanidade.
O que caracteriza as duas viagens, para além do deslocamento geográfico, linguístico ou corporal, é a transformação radical não só do viajante, mas também da comunidade humana que o acolhe ou rejeita. O antigo regime (político, sexual, ecológico) criminaliza todas a práticas de travessia. Mas onde a travessia é possível, o mapa de uma nova sociedade começa a ser desenhado, com novas formas de produção e de reprodução da vida.
A transexualidade e as questões de género ainda incomodam muita gente. E como seria há um século? Supomos que seria um não-tema, por ser literalmente abafado. Todavia, em plena década de 1920, a temática pareceu relevante a Virginia Woolf. Com uma atitude muito à frente do seu tempo, típica dos génios, escreveu Orlando — uma biografia fictícia onde aborda estas questões de forma subtil e irónica.
Em Orlando, conta-se a história de um inglês nobre que passa por inúmeras experiências de vida. Quando completa 30 anos, acorda com o corpo de uma mulher. O que surpreende não é a simples transição de sexo, mas a forma como Woolf narra essa mudança.
Ao contar a transformação de Orlando, o texto faz uso de uma ironia propositadamente exagerada com o objectivo de chegar ao seu contrário — à verdade e à franqueza. O que fica claro, e inequivocamente evidente, é que não existe imutavelmente homem ou mulher. A transformação é possível porque o fundamental é a liberdade da pessoa — do espírito e da inteligência. Um homem e uma mulher não têm de ser prisioneiros de um género pré-definido. Nem ser julgados e/ou postos como alvos do ódio, apenas por reclamarem liberdade sobre o seu próprio corpo.
Na noite de 12 de Junho de 2016, o norte-americano de origem afegã Omar Mateen, de 29 anos, entrou armado na discoteca “Pulse” em Orlando, no centro da Florida, e disparou contra os presentes. As vítimas participavam numa “Noite Latina” organizada pela discoteca, frequentada por homossexuais, lésbicas, bissexuais e transexuais. O ataque foi considerado o pior com arma de fogo na História recente dos Estados Unidos.
A Teatro Nacional21 pretende misturar as duas narrativas — a literária de Virginia Woolf e a documental do massacre em Orlando — criando duas travessias que se cruzam.
A travessia é o lugar da incerteza, da não-evidência, do estranho. E tudo isso não é uma fraqueza, mas um poder. “O pensamento do tremor”, diz Glissant, “não é o pensamento do medo. É o pensamento que se opõe ao sistema “.

Preço bilhetes

4 a 10€

Local

Sala Principal do Teatro Municipal Sá de Miranda

Data

9 a 10 de junho de 2022

Sessões

Quinta-Feira
21h00

Sexta-Feira
21h00

Acessibilidade

Audiodescrição e Ver com as mãos
10 de junho

Serviço Educativo

DIGESTIVO – Conversas pós-espetáculo entre públicos, criadores e intérpretes
10 de junho

Duração

140 min

Classificação Etária

M/14

Produção

Teatro Nacional 21

Ficha Técnica

Texto
(ela) Cláudia Lucas Chéu a partir de Orlando de Virginia Woolf

Direção
(ele) Albano Jerónimo

Dramaturgia
(ele) André Tecedeiro, (ele) Albano Jerónimo, (ele) A. Baião-Pinto, (ela) Cláudia Lucas Chéu

Com
(ele) Afonso Abreu, (ele) André Tecedeiro, (ela) Aurora Pinho, (ela) Cláudia Lucas Chéu, (ele) Eduardo Madeira, (ele) Luís Puto, (ela) Madalena Massano, (ela) Maria Ladeira, (ele) Pedro Lacerda, (ela) Rita Loureiro, (ela) Solange Freitas

Participação Especial
(ela) Francisca Jerónimo

Movimento
(ela) Carlota Lagido

Assistência ao Movimento
(ela) Joana Castro

Espaço Cénico
(ele) Tiago Pinhal Costa

Construção Cenografia
Tudo Faço

Figurinos
(ela) Carlota Lagido

Desenho de Luz
(ele) Rui Monteiro, (ela) Teresa Antunes (assistência) e Outcube – Stage & Lighting Design (assistência)

Composição Musical
(ele) Rui Lima & (ele) Sérgio Martins

Direção Sonora e Desenho de Som
(ele) Bernardo Bento

Assessoria Artística
(ele) Nuno M Cardoso

Assistência de Encenação
(ele) Luís Puto, (ele) Afonso Abreu (estagiário)

Suspensão
Laboratório

Assistência de Figurinos
(ela) Sandra Guerreiro

Direção de Cena
(ela) Marta Pedroso, (ela) Inês Matos

Comunicação e Assessoria de Imprensa
(ela) Sara Cavaco

Design vídeo
Oskar & Gaspar

Caracterização
(ele) Sérgio Alxeredo, (ela) Ana Steiner

Vídeo Documental
Oskar & Gaspar

Fotografia de Cena
(ela) Susana Chicó

Fotografia de Cartaz
(ele) Rui Palma

Traduções
(ela) Ana Magalhães

Programa Paralelo Comunidade
(ela) Sara Cavaco

Direção de Produção
(ele) Francisco Leone

Produção Executiva
(ele) Luís Puto

Produção
Teatro Nacional 21

Coprodução
CCVF – Guimarães, Casa de Artes de Vila Nova de Famalicão, Teatro Municipal do Porto, Teatro Nacional D. Maria II, Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana, Centro de Artes de Águeda

Parceiro Institucional
Fundo de Fomento da Cultura

Projeto financiado pela República Portuguesa – Cultura / DGArtes

Agradecimentos
ILGA Portugal, Universidade do Minho – Professora Francesca Rayner, Diana Lopes, Pro Dança, Lili Grilo, Rita de Castro, Circolando